Fábio Machado é cientista político e professor da UCFG |
O
cientista político FÁBIO MACHADO, professor da UFCG, é o entrevistado deste
domingo(12) do BOA NOTÍCIA PB. Ele faz
avaliação acerca do instigante debate em evidência no mundo que envolve ideologias de extrema direita e esquerda,
descarta a possibilidade de impeachment do presidente Bolsonaro e afirma que as
plataformas digitais serão espaços
privilegiados nas eleições municipais deste ano.
No que tange ao pleito em Campina Grande, o professor enfatiza que “não teremos nenhuma novidade”. Ele concorda que a pandemia da Covid-19 impactou e mudou a vida em todo o planeta e que a “boa política” segue como utopia no Brasil.
Confira a entrevista.
BN –
Que leitura o sr. faz do extremismo de esquerda e de direita que polariza o debate
no mundo, neste momento?
FÁBIO MACHADO - Falar de esquerda e de direita era ser uma pessoa jurássica, fora do tempo, anacrônica. Por ironia a ultradireita emerge e com ela um forte discurso ideológico, carregado de signos e valores e que viu na candidatura de Bolsonaro a possibilidade de implementar o conservadorismo governamental, econômico, social e político no país. Essa polarização extrema, protagonizada pela ultradireita conservadora que tem matizes fascistas, ela gera tensões extremas na sociedade e faz balançar as instituições, impactando negativamente na governança e na governabilidade em nível federal, estadual e local. Essa radicalização e extremismo afetam a otimização, em termos de eficácia e eficiência, do governo federal.
BN –
Como avalia o impacto da Covid-19 no cotidiano político brasileiro?
FÁBIO
MACHADO – O mundo não estava preparado para uma pandemia dessa
magnitude. Fomos pegos de “calças curtas”. Do ponto de vista psicológico a
pandemia trouxe certo sofrimento para as pessoas. Fomos todos impactados. Mudou
o paradigma e fez com que nós fizéssemos revisões dos nossos valores, das
nossas limitações. Todos os agentes econômicos e políticos foram tangidos por
essa doença(Covid-19). Temos agora questões sérias como o desemprego, que
aumentou, e o desarranjo do comércio, com fechamento de lojas. O cotidiano mudou.
BN –
É considerada iminente a possibilidade de Bolsonaro entrar para a história do
país como o terceiro presidente a ter o seu mandato interrompido por processo
de impeachment?
FÁBIO
MACHADO - A
preço de hoje, não. Antes de ser
presidente, Bolsonaro passou 28 anos na Câmara Federal, integrando o chamado “baixo
clero”. Ele sabe como é que funciona lá
dentro, o Congresso Nacional. Ele testemunhou o impeachment da presidente Dilma
e como foi feito. Então, sabendo disso e quando percebeu que a coisa estava ruim para o seu lado, correu para os braços do “centrão”,
que é o que há de pior na política congressista, esse fatídico histórico de
parlamentares do “toma lá, dá cá”, da barganha, para ocuparem cargos e aparelharem
as instituições do estado brasileiro a serviço dos seus interesses
particulares. O impeachment de
Bolsonaro acho que foi adiado.
BN –
A “onda Bolsomínia” terá influência nas eleições municipais deste ano?
FÁBIO MACHADO – Muito provavelmente terá sim. Eles(bolsonaristas) irão fazer de tudo para influenciar no processo eleitoral para ganhar territórios. Creio que não irão ficar a margem do processo eleitoral. A “onda bolsomínia” vai estar presente nos debates locais.
BN –
Devido a pandemia teremos eleições diferentes, quase que cem por cento online.
Como vê esse atípico e histórico cenário eleitoral?
FÁBIO
MACHADO – Vamos enfrentar
grandes filas para votar. Do ponto de vista dos partidos políticos, das convenções,
das campanhas eleitorais, tudo será marcado por plataformas digitais. O peso que as
redes sociais terão serão exponencialmente maior. Suponho que não teremos o
tradicional corpo-a-corpo. Vamos ter uma
disputa eleitoral marcada pelo debate através das plataformas digitais.
BN –
Quanto as eleições municipais em Campina Grande, é possível que tenhamos
novidades?
FÁBIO
MACHADO – Não vejo novidade nenhuma nas eleições de vereadores e
prefeito deste ano em Campina Grande. As candidaturas que estão postas são
dos mesmos grupos oligárquicos que dominam
a política campinense há 50 anos.
7 –
A “boa política” ainda se apresenta como utopia no Brasil?
FÁBIO
MACHADO - Depende do campo
ideológico que pertencemos. Estamos
diante de um campo minado. Depende de quem está na direita, no centro ou na
esquerda. Acredito que a “boa política” como utopia segue no Brasil.
Por:
Vanildo Silva, jornalista editor do Boa Notícia PB
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