sexta-feira, 10 de julho de 2020

Eleições serão marcadas pelo debate nas PLATAFORMAS DIGITAIS, afirma cientista político e professor da UFCG

Fábio Machado é cientista político e professor da UCFG

O cientista político FÁBIO MACHADO, professor da UFCG, é o entrevistado deste domingo(12) do BOA NOTÍCIA PB.  Ele faz avaliação acerca do instigante debate em evidência  no mundo que envolve ideologias de extrema direita e esquerda, descarta a possibilidade de impeachment do presidente Bolsonaro e afirma que as plataformas digitais serão  espaços privilegiados nas eleições municipais deste ano.

No que tange ao pleito em Campina Grande, o  professor enfatiza que “não teremos  nenhuma novidade”.  Ele concorda que a pandemia da Covid-19 impactou e mudou a vida em todo o planeta  e que a “boa política” segue como utopia no Brasil.

Confira a entrevista.



BN – Que leitura o sr. faz do extremismo de esquerda e de direita que polariza o debate no mundo, neste momento?

FÁBIO MACHADO -  Falar de esquerda e de direita  era  ser uma pessoa jurássica, fora do tempo, anacrônica. Por ironia a ultradireita emerge e com ela um forte discurso ideológico, carregado de signos e valores e que viu na candidatura de Bolsonaro a possibilidade de implementar o conservadorismo governamental, econômico, social e político no país. Essa polarização extrema, protagonizada pela ultradireita conservadora que tem matizes fascistas, ela gera tensões extremas na sociedade e faz balançar as instituições, impactando negativamente na governança e na governabilidade em nível federal, estadual e local. Essa radicalização e extremismo afetam a otimização,  em termos de eficácia e eficiência, do  governo federal.

BN – Como avalia o impacto da Covid-19 no cotidiano político brasileiro?

FÁBIO MACHADO – O mundo não estava preparado para uma pandemia dessa magnitude. Fomos pegos de “calças curtas”. Do ponto de vista psicológico a pandemia trouxe certo sofrimento para as pessoas. Fomos todos impactados. Mudou o paradigma e fez com que nós fizéssemos revisões dos nossos valores, das nossas limitações. Todos os agentes econômicos e políticos foram tangidos por essa doença(Covid-19). Temos agora  questões sérias como o desemprego, que aumentou, e o desarranjo do comércio, com fechamento de lojas. O cotidiano mudou.

BN – É considerada iminente a possibilidade de Bolsonaro entrar para a história do país como o terceiro presidente a ter o seu mandato interrompido por processo de  impeachment?

FÁBIO MACHADO -  A preço de hoje,  não. Antes de ser presidente, Bolsonaro passou 28 anos na Câmara Federal, integrando o chamado “baixo clero”. Ele sabe como é que funciona  lá dentro, o Congresso Nacional. Ele testemunhou o impeachment da presidente Dilma e como foi feito. Então, sabendo disso e quando percebeu que  a coisa  estava ruim  para o seu lado, correu para os braços do “centrão”, que é o que há de pior na política congressista, esse fatídico histórico de parlamentares do “toma lá, dá cá”, da barganha, para ocuparem cargos e aparelharem as instituições do estado brasileiro a serviço dos seus interesses particulares.  O impeachment de Bolsonaro acho que foi adiado.

BN – A “onda Bolsomínia” terá influência nas eleições municipais deste ano?

FÁBIO MACHADO –  Muito provavelmente terá sim. Eles(bolsonaristas) irão fazer de tudo para influenciar no processo eleitoral para ganhar territórios. Creio que não irão ficar a margem do processo eleitoral. A “onda bolsomínia” vai estar presente nos debates locais.

BN – Devido a pandemia teremos eleições diferentes, quase que cem por cento online. Como vê esse atípico e histórico cenário eleitoral?

FÁBIO MACHADO –  Vamos enfrentar grandes filas para votar. Do ponto de vista dos partidos políticos, das convenções, das campanhas eleitorais, tudo será marcado por plataformas digitais. O peso que as redes sociais terão serão exponencialmente maior. Suponho que não teremos o tradicional corpo-a-corpo. Vamos ter uma disputa eleitoral marcada pelo debate através das plataformas digitais.

BN – Quanto as eleições municipais em Campina Grande, é possível que tenhamos novidades?

FÁBIO MACHADO – Não vejo novidade nenhuma nas eleições de vereadores e prefeito deste ano em Campina Grande. As candidaturas que estão postas são dos  mesmos grupos oligárquicos que dominam a política campinense há 50 anos.

7 – A “boa política” ainda se apresenta como utopia no Brasil?

FÁBIO MACHADO -  Depende do campo ideológico  que pertencemos. Estamos diante de um campo minado. Depende de quem está na direita, no centro ou na esquerda. Acredito que a “boa política” como utopia  segue no Brasil.




Por: Vanildo Silva, jornalista editor do Boa Notícia PB

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