domingo, 2 de agosto de 2020

“JORNALISMO FAKE NEWS"é criticado por bispo em artigo publicado no site do Vaticano

"Os diversos tipos de fake news tem especiais estratégias"

FAKE NEWS
*Dom Fernando Arêas Rifan - Bispo da Administração 
Apostólica Pessoal São João Maria Vianney     


“Cuidado com os falsos profetas: Eles vêm até vós em pele de ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes”, nos advertiu Jesus (Mt 7, 15).

Profeta é aquele que fala em nome de Deus. Deus é a verdade. E toda verdade vem de Deus. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo14,6). “Eu vim ao mundo para dar testemunho da verdade. Todo o que é da verdade, escuta a minha voz”, disse Jesus a Pilatos (Jo 18, 37).

Sendo Deus a verdade, quem fala em seu nome deve falar só a verdade. Se fala mentira, é um falso profeta. O pai da mentira é o diabo (cf. Jo 8,44).        

A mentira atualmente recebeu um nome jornalístico moderno, um anglicismo: “fake news”, isto é, notícia falsa. Há mesmo uma CPI das “fake news”, procurando quem divulga essas falsidades.

A nossa inteligência, pela sua natureza, é dirigida para a verdade e só para a verdade; daí que ela só pode ser atraída pela mentira, se essa tiver algo ou aparência de verdade. Caso contrário não atrairia a inteligência.

Por isso, a pior mentira é a que se parece com a verdade, ou que tem um pouco de verdade. E tanto pior quanto mais se parece com ela. Daí que a advertência de Jesus para termos cuidado com os falsos profetas, que, sendo lobos, vêm vestidos de pele de ovelhas, se refere às mentiras que têm aparência de verdade.

Conta-se uma anedota do fulano, que foi preso por fabricar notas falsas, e reclamava com o amigo que o fora visitar na cadeia: “Eu não sei o que houve: fabriquei notas de um real e saiu bem, de dez reais e saiu bem, fabriquei nota de 3 reais e fui preso!” É claro, pois não existe nota de 3 reais. A falsidade só engana quando tem aparência de verdade!!!

E costuma-se dizer que uma mentira é má pela sua falsidade, mas é perigosa pela sua aparência com a verdade. Uma cadeira comum, a que falta uma perna, é má pela perna que falta, mas é perigosa pelas três que tem. Engana e faz cair quem nela for se sentar. Toda caricatura tem algo do caricaturado. Mas também pode ser uma “fake news”, pois deturpa a pessoa, ressaltando um defeito da pessoa ou tornando-o maior do que realmente é, falseando assim a verdade. A repetição da mentira é também “fake news”; é a arma da “propaganda”, já preconizada por Goebbels: “uma mentira dita cem vezes torna-se verdade”.  

Assim, os diversos tipos de “fake news” têm especiais estratégias. É “fake news”, por exemplo, dar só uma parte da notícia. É “fake news” dar uma notícia na manchete e dizer coisa diferente no corpo da notícia. É “fake news” manipular o número de pessoas, mostrando só uma parte da foto. É “fake news” dar ênfase a um pronunciamento ou a uma sua parte, ênfase que na realidade não tem. É “fake news” caricaturar alguém ou uma notícia, ressaltando maliciosamente aquilo que se pretende criticar.

É “fake news” dar só uma versão ou uma parte da notícia. Fatos são fatos, mas a versão dos fatos pode ser enganosa. É “fake news” manipular ideologicamente os fatos ou parte deles, para influenciar as pessoas.

                 


******* Fonte: Vaticano News

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