A ideia é levar a reflexão para os Creas municipais. |
Homens autores de
violência doméstica e familiar contra mulheres na Paraíba participarão de
grupos reflexivos para discutir e pensar sobre seus comportamentos. Este é o
objetivo do projeto de capacitação “Trabalhando com homens autores de violência
doméstica contra mulheres”, que está em fase de conclusão e será realizado por
meio de parceria entre o Tribunal de Justiça da Paraíba e o Governo do Estado.
O projeto vai capacitar equipes dos Centros Estaduais de Referência de
Assistência Social (Creas) Regionais, com 26 polos, para formar grupos de
homens. A capacitação está prevista para ter início em setembro deste ano.
O convênio, que será
firmado entre o Tribunal de Justiça da Paraíba, por meio da Coordenadoria da
Mulher em Situação de Violência Doméstica, e o Governo do Estado, por meio das
Secretarias de Estado da Mulher e da Diversidade Humana (Semdh) e do Desenvolvimento
Humano (Sedh), prevê que as equipes dos Creas serão formadas para serem,
também, agentes multiplicadores de grupos reflexivos.
De acordo com a coordenadora da Mulher do TJPB, juíza Graziela
Queiroga, a ideia é que, posteriormente, a formação seja estendida aos Creas
municipais. “Com a alteração na Lei Maria da Penha, que possibilitou aos juízes
determinar que homens agressores possam participar de grupos reflexivos, dentro
das medidas protetivas, vislumbramos a possibilidade de um convênio, contando com
a participação das duas secretarias e a união de profissionais e que a
realidade possa chegar a todas as comarcas do Estado. O projeto já está bem
delineado e com as tratativas bastante adiantadas”, disse a juíza.
A secretária de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, Lídia
Moura, destacou a importância de esclarecer às equipes dos Creas que os grupos
reflexivos são espaços de diálogo e reflexão e não devem realizar mediação no
que se refere aos agressores enquadrados na Lei Maria da Penha.
“Cada vez que a mulher é colocada em contato com agressores, são
revitimizadas e revivem a agressão sofrida. Por isso, defendemos o modelo dos
grupos reflexivos formados por profissionais que fazem diálogo com agressores,
sendo devidamente criados para tal fim, de modo que possa haver a reflexão dos
agressores no que se refere aos direitos das mulheres, cultura de paz e
conhecimento do que chamamos de masculinidade tóxica. O agressor precisa de um
novo conhecimento de si próprio, da sociedade em que vivemos e de um modelo de
sociedade sem abusos. Por isso, é importante a preparação adequada dos grupos”,
salientou.
Enfrentar a violência
doméstica – O projeto teve
como grande influência a iniciativa Papo de Homem, criado há três anos em
Campina Grande, e que tem como facilitador o titular do Juizado de Violência
Doméstica da Comarca e um dos gestores da Coordenadoria da Mulher do Tribunal
de Justiça da Paraíba, juiz Antônio Gonçalves Ribeiro Júnior. “A expansão dos
grupos reflexivos, sobretudo adaptando o modelo usado em Campina Grande,
representa mais do que a necessidade de adoção de boas práticas para combater e
enfrentar a violência doméstica, uma vez que esta comprovado em Campina Grande
a reincidência zero daqueles homens que participaram desses grupos”, frisou o
magistrado.
Capacitação virtual – O secretário de Estado do Desenvolvimento Humano,
Tibério Limeira, disponibilizou toda a estrutura e capilaridade dos Creas
Regionais para participar do processo de construção e formação das equipes
multidisciplinares que atuam nos centros. “O objetivo é estabelecer os grupos
reflexivos e desenvolver um trabalho direcionado à não violência e à construção
de uma cultura de paz para os homens agressores, para que eles possam, a partir
deste aprendizado, não reincidir nesta violência”, disse.
A capacitação das
equipes multidisciplinares dos Creas, prevista para iniciar em setembro deste
ano, será realizada na modalidade virtual. Durante os encontros, serão
trabalhados temas importantes relacionados à violência doméstica, tais como Lei
Maria da Penha, gênero, direito das mulheres e reflexões sobre o que é ser
homem e masculinidades. Em outro momento, será promovida uma oficina para a
construção propriamente dita dos grupos reflexivos em cada região.
***Ascom
com Boa Notícia PB d Boa Notícia no R
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