O Santo Padre completa nesta quinta-feira 84 anos de vida |
Em sua mensagem publicada nesta quinta-feira(17), destinada a celebração do 54º DIA MUNDIAL DA
PAZ, que será refletido no próximo dia primeiro
de janeiro de 2021, o Papa Francisco destaca a necessidade de se promover a
CULTURA DO CUIDADADO como forma de garantir a dignidade e o bem estar de todos
os povos.
Confira a mensagem do Santo Padre, que hoje comemora 84 anos de vida
A CULTURA DO
CUIDADO COMO PERCURSO DE PAZ
1. Aproximando-se o Ano Novo, desejo
apresentar as minhas respeitosas saudações aos Chefes de Estado e de Governo,
aos responsáveis das Organizações Internacionais, aos líderes espirituais e
fiéis das várias religiões, aos homens e mulheres de boa vontade. Para todos
formulo os melhores votos, esperando que o ano de 2021 faça a humanidade
progredir no caminho da fraternidade, da justiça e da paz entre as pessoas, as
comunidades, os povos e os Estados.
O ano de 2020 ficou marcado pela grande
crise sanitária da Covid-19, que se transformou num fenómeno plurissectorial e
global, agravando fortemente outras crises inter-relacionadas como a climática,
alimentar, económica e migratória, e provocando grandes sofrimentos e
incómodos. Penso, em primeiro lugar, naqueles que perderam um familiar ou uma
pessoa querida, mas também em quem ficou sem trabalho. Lembro de modo especial
os médicos, enfermeiras e enfermeiros, farmacêuticos, investigadores,
voluntários, capelães e funcionários dos hospitais e centros de saúde, que se
prodigalizaram – e continuam a fazê-lo – com grande fadiga e sacrifício, a
ponto de alguns deles morrerem quando procuravam estar perto dos doentes a fim
de aliviar os seus sofrimentos ou salvar-lhes a vida. Ao mesmo tempo que presto
homenagem a estas pessoas, renovo o apelo aos responsáveis políticos e ao
sector privado para que tomem as medidas adequadas a garantir o acesso às
vacinas contra a Covid-19 e às tecnologias essenciais necessárias para dar
assistência aos doentes e a todos aqueles que são mais pobres e mais frágeis.[1]
É doloroso constatar que, ao lado de
numerosos testemunhos de caridade e solidariedade, infelizmente ganham novo
impulso várias formas de nacionalismo, racismo, xenofobia e também guerras e
conflitos que semeiam morte e destruição.
Estes e outros acontecimentos, que
marcaram o caminho da humanidade no ano de 2020, ensinam-nos a importância de
cuidarmos uns dos outros e da criação a fim de se construir uma sociedade
alicerçada em relações de fraternidade. Por isso, escolhi como tema desta
mensagem «a cultura do cuidado como percurso de paz»; a cultura do
cuidado* para erradicar a cultura da indiferença, do descarte e do conflito,
que hoje muitas vezes parece prevalecer.
2. Deus Criador, origem da
vocação humana ao cuidado
Em muitas tradições religiosas, existem
narrativas que se referem à origem do homem, à sua relação com o Criador, com a
natureza e com os seus semelhantes. Na Bíblia, o livro do Génesis revela,
desde o início, a importância do cuidado ou da custódia no
projeto de Deus para a humanidade, destacando a relação entre o homem (’adam)
e a terra (’adamah) e entre os irmãos. Na narração bíblica da criação,
Deus confia o jardim «plantado no Éden» (cf. Gn 2, 8) às mãos
de Adão com o encargo de «o cultivar e guardar» (Gn 2, 15). Isto
significa, por um lado, tornar a terra produtiva e, por outro, protegê-la e
fazê-la manter a sua capacidade de sustentar a vida.[2] Os
verbos «cultivar» e «guardar» descrevem a relação de Adão com a sua casa-jardim
e indicam também a confiança que Deus deposita nele fazendo-o senhor e guardião
de toda a criação.
O nascimento de Caim e Abel gera uma
história de irmãos, cuja relação em termos de tutela ou custódia será
vivida negativamente por Caim. Depois de ter assassinado o seu irmão Abel, a
Deus que lhe pergunta por ele, Caim responde: «Sou, porventura, guarda do
meu irmão?» (Gn 4, 9).[3] Com
certeza! Caim é o «guarda» de seu irmão. «Nestas narrações tão antigas, ricas
de profundo simbolismo, já estava contida a convicção atual de que tudo está
inter-relacionado e o cuidado autêntico da nossa própria vida e das nossas
relações com a natureza é inseparável da fraternidade, da justiça e da
fidelidade aos outros».[4]
3. Deus Criador, modelo do
cuidado
A Sagrada Escritura apresenta Deus,
além de Criador, como Aquele que cuida das suas criaturas, em particular de
Adão, Eva e seus filhos. O próprio Caim, embora caia sobre ele a maldição por
causa do crime que cometera, recebe como dom do Criador um sinal de
proteção, para que a sua vida seja salvaguardada (cf. Gn 4,
15). Este facto, ao mesmo tempo que confirma a dignidade inviolável da
pessoa, criada à imagem e semelhança de Deus, manifesta também o plano divino
para preservar a harmonia da criação, porque «a paz e a violência não podem
habitar na mesma morada».[5]
É precisamente o cuidado da criação que
está na base da instituição do Shabbat que, além de regular o
culto divino, visava restabelecer a ordem social e a solicitude pelos pobres (Gn 2,
1-3; Lv 25, 4). A celebração do Jubileu, quando se completava
o sétimo ano sabático, consentia uma trégua à terra, aos escravos e aos
endividados. Neste ano de graça, cuidava-se dos mais vulneráveis,
oferecendo-lhes uma nova perspetiva de vida, para que não houvesse qualquer
necessitado entre o povo (cf. Dt 15, 4).
Digna de nota é também a tradição
profética, onde o auge da compreensão bíblica da justiça se manifesta na forma
como uma comunidade trata os mais frágeis no seu seio. É por isso que
particularmente Amós (2, 6-8; 8) e Isaías (58) erguem continuamente a voz em
prol de justiça para os pobres, que, pela sua vulnerabilidade e falta de poder,
são ouvidos só por Deus, que cuida deles (cf. Sal 34, 7; 113,
7-8).
4. O cuidado no ministério de
Jesus
A vida e o ministério de Jesus encarnam
o ápice da revelação do amor do Pai pela humanidade (Jo 3,16). Na
sinagoga de Nazaré, Jesus manifestou-Se como Aquele que o Senhor consagrou e
enviou a «anunciar a Boa-Nova aos pobres», «a proclamar a libertação aos
cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os
oprimidos» (Lc 4, 18). Estas ações messiânicas, típicas dos
jubileus, constituem o testemunho mais eloquente da missão que o Pai Lhe
confiou. Na sua compaixão, Cristo aproxima-Se dos doentes no corpo e no
espírito e cura-os; perdoa os pecadores e dá-lhes uma nova vida. Jesus é o Bom
Pastor que cuida das ovelhas (cf. Jo 10, 11-18; Ez 34,
1-31); é o Bom Samaritano que Se inclina sobre o ferido, trata das suas feridas
e cuida dele (cf. Lc 10, 30-37).
No ponto culminante da sua missão,
Jesus sela o seu cuidado por nós, oferecendo-Se na cruz e libertando-nos assim
da escravidão do pecado e da morte. Deste modo, com o dom da sua vida e o seu
sacrifício, abriu-nos o caminho do amor e disse a cada um: «Segue-Me! Faz tu
também o mesmo» (cf. Lc 10, 37).
5. A cultura do cuidado, na
vida dos seguidores de Jesus
As obras de misericórdia espiritual e
corporal constituem o núcleo do serviço de caridade da Igreja primitiva. Os
cristãos da primeira geração praticavam a partilha para não haver entre eles
alguém necessitado (cf. At 4, 34-35) e esforçavam-se por
tornar a comunidade uma casa acolhedora, aberta a todas as situações humanas,
disposta a ocupar-se dos mais frágeis. Assim, tornou-se habitual fazer ofertas
voluntárias para alimentar os pobres, enterrar os mortos e nutrir os órfãos, os
idosos e as vítimas de desastres, como os náufragos. E em períodos sucessivos,
quando a generosidade dos cristãos perdeu um pouco do seu ímpeto, alguns Padres
da Igreja insistiram que a propriedade é pensada por Deus para o bem comum.
Santo Ambrósio afirmava que «a natureza concedeu todas as coisas aos homens
para uso comum. (…) Portanto, a natureza produziu um direito comum para todos,
mas a ganância tornou-o um direito de poucos».[6] Superadas
as perseguições dos primeiros séculos, a Igreja aproveitou a liberdade para
inspirar a sociedade e a sua cultura. «As necessidades da época exigiam novas
energias ao serviço da caridade cristã. As crónicas históricas relatam inúmeros
exemplos de obras de misericórdia. De tais esforços conjuntos, resultaram
numerosas instituições para alívio das várias necessidades humanas: hospitais,
albergues para os pobres, orfanatos, lares para crianças, abrigos para
forasteiros, e assim por diante».[7]
6. Os princípios da doutrina
social da Igreja como base da cultura do cuidado
A diakonia das
origens, enriquecida pela reflexão dos Padres e animada, ao longo dos séculos,
pela caridade operosa de tantas luminosas testemunhas da fé, tornou-se o
coração pulsante da doutrina social da Igreja, proporcionando a todas as
pessoas de boa vontade um precioso património de princípios, critérios e
indicações, donde se pode haurir a «gramática» do cuidado: a promoção da
dignidade de toda a pessoa humana, a solidariedade com os pobres e indefesos, a
solicitude pelo bem comum e a salvaguarda da criação.
* O cuidado como promoção da dignidade
e dos direitos da pessoa
«O conceito de pessoa, que surgiu e
amadureceu no cristianismo, ajuda a promover um desenvolvimento plenamente
humano. Porque a pessoa exige sempre a relação e não o individualismo, afirma a
inclusão e não a exclusão, a dignidade singular, inviolável e não a
exploração».[8] Toda
a pessoa humana é fim em si mesma, e nunca um mero instrumento a ser avaliado
apenas pela sua utilidade: foi criada para viver em conjunto na família, na
comunidade, na sociedade, onde todos os membros são iguais em dignidade. E
desta dignidade derivam os direitos humanos, bem como os deveres, que recordam,
por exemplo, a responsabilidade de acolher e socorrer os pobres, os doentes, os
marginalizados, o nosso «próximo, vizinho ou distante no espaço e no tempo».[9]
* O cuidado do bem comum
Cada aspeto da vida social, política e
económica encontra a sua realização, quando se coloca ao serviço do bem comum,
isto é do «conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos
como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição».[10] Por
conseguinte os nossos projetos e esforços devem ter sempre em conta os efeitos
sobre a família humana inteira, ponderando as suas consequências para o momento
presente e para as gerações futuras. Quão verdadeiro e atual seja tudo isto,
no-lo mostra a pandemia Covid-19, perante a qual «nos demos conta de estar no
mesmo barco, todos frágeis e desorientados mas ao mesmo tempo importantes e
necessários, todos chamados a remar juntos»,[11] porque
«ninguém se salva sozinho»[12] e
nenhum Estado nacional isolado pode assegurar o bem comum da própria população.[13]
* O cuidado através da solidariedade
A solidariedade exprime o amor pelo
outro de maneira concreta, não como um sentimento vago, mas como «a
determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum, ou seja, pelo
bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis
por todos».[14] A
solidariedade ajuda-nos a ver o outro – quer como pessoa quer, em sentido lato,
como povo ou nação – não como um dado estatístico, nem como meio a usar e
depois descartar quando já não for útil, mas como nosso próximo, companheiro de
viagem, chamado a participar, como nós, no banquete da vida, para o qual todos
somos igualmente convidados por Deus.
* O cuidado e a salvaguarda da criação
A encíclica Laudato si’ reconhece
plenamente a interconexão de toda a realidade criada, destacando a exigência de
ouvir ao mesmo tempo o grito dos necessitados e o da criação. Desta escuta
atenta e constante pode nascer um cuidado eficaz da terra, nossa casa comum, e
dos pobres. A propósito, desejo reiterar que «não pode ser autêntico um
sentimento de união íntima com os outros seres da natureza, se ao mesmo tempo não
houver no coração ternura, compaixão e preocupação pelos seres humanos».[15] Na
verdade «paz, justiça e salvaguarda da criação são três questões completamente
ligadas, que não se poderão separar para ser tratadas individualmente, sob pena
de cair novamente no reducionismo».[16]
7. A bússola para um rumo comum
Assim, num tempo dominado pela cultura
do descarte e perante o agravamento das desigualdades dentro das nações e entre
elas,[17] gostaria
de convidar os responsáveis das Organizações internacionais e dos Governos, dos
mundos económico e científico, da comunicação social e das instituições
educativas a pegarem nesta «bússola» dos princípios acima lembrados para
dar um rumo comum ao processo de globalização, «um rumo
verdadeiramente humano».[18] Na
verdade, este permitiria estimar o valor e a dignidade de cada pessoa, agir
conjunta e solidariamente em prol do bem comum, aliviando quantos padecem por
causa da pobreza, da doença, da escravidão, da discriminação e dos conflitos.
Através desta bússola, encorajo todos a tornarem-se profetas e testemunhas da
cultura do cuidado, a fim de preencher tantas desigualdades sociais. E isto só
será possível com um forte e generalizado protagonismo das mulheres na família
e em todas as esferas sociais, políticas e institucionais.
A bússola dos
princípios sociais, necessária para promover a cultura do cuidado,
vale também para as relações entre as nações, que deveriam ser inspiradas pela
fraternidade, o respeito mútuo, a solidariedade e a observância do direito
internacional. A este respeito, hão de ser reafirmadas a proteção e a promoção
dos direitos humanos fundamentais, que são inalienáveis, universais e
indivisíveis.[19]
Deve ser recordado também o respeito
pelo direito humanitário, sobretudo nesta fase em que se sucedem, sem
interrupção, conflitos e guerras. Infelizmente, muitas regiões e comunidades já
não se recordam dos tempos em que viviam em paz e segurança. Numerosas cidades
tornaram-se um epicentro da insegurança: os seus habitantes fatigam a manter os
seus ritmos normais, porque são atacados e bombardeados indiscriminadamente por
explosivos, artilharia e armas ligeiras. As crianças não podem estudar. Homens
e mulheres não podem trabalhar para sustentar as famílias. A carestia lança
raízes em lugares onde antes era desconhecida. As pessoas são obrigadas a
fugir, deixando para trás não só as suas casas, mas também a sua história
familiar e as raízes culturais.
As causas de conflitos são muitas, mas
o resultado é sempre o mesmo: destruição e crise humanitária. Temos de parar e
interrogar-nos: O que foi que levou a sentir o conflito como algo normal no
mundo? E, sobretudo, como converter o nosso coração e mudar a nossa mentalidade
para procurar verdadeiramente a paz na solidariedade e na fraternidade?
Quanta dispersão de recursos para
armas, em particular para as armas nucleares,[20] recursos
que poderiam ser utilizados para prioridades mais significativas a fim de
garantir a segurança das pessoas, como a promoção da paz e do desenvolvimento
humano integral, o combate à pobreza, o remédio das carências sanitárias!
Aliás, também isto é evidenciado por problemas globais, como a atual pandemia
Covid-19 e as mudanças climáticas. Como seria corajosa a decisão de criar «um
“Fundo mundial” com o dinheiro que se gasta em armas e outras despesas
militares, para poder eliminar a fome e contribuir para o desenvolvimento dos
países mais pobres»![21]
8. Para educar em ordem à
cultura do cuidado
A promoção da cultura do cuidado requer
um processo educativo, e a bússola dos princípios sociais
constitui, para o efeito, um instrumento fiável para vários contextos
relacionados entre si. A propósito, gostaria de fornecer alguns exemplos:
A educação para o cuidado nasce
na família, núcleo natural e fundamental da sociedade, onde se
aprende a viver em relação e no respeito mútuo. Mas a família precisa de ser
colocada em condições de poder cumprir esta tarefa vital e indispensável.
Sempre em colaboração com a família,
temos outros sujeitos encarregados da educação como a escola e a
universidade e analogamente, em certos aspetos, os sujeitos da comunicação
social.[22] São
chamados a transmitir um sistema de valores fundado no reconhecimento da
dignidade de cada pessoa, de cada comunidade linguística, étnica e religiosa,
de cada povo e dos direitos fundamentais que dela derivam. A educação constitui
um dos pilares de sociedades mais justas e solidárias.
As religiões em geral, e os líderes
religiosos em particular, podem desempenhar um papel insubstituível na
transmissão aos fiéis e à sociedade dos valores da solidariedade, do respeito
pelas diferenças, do acolhimento e do cuidado dos irmãos mais frágeis. Recordo,
a propósito, as palavras que o Papa Paulo VI proferiu no Parlamento do Uganda
em 1969: «Não temais a Igreja; esta honra-vos, educa-vos cidadãos honestos e
leais, não fomenta rivalidades nem divisões, procura promover a liberdade
sadia, a justiça social, a paz; se tem alguma preferência é pelos pobres, a
educação dos pequeninos e do povo, o cuidado dos atribulados e desvalidos».[23]
A todas as pessoas empenhadas no
serviço das populações, nas organizações internacionais, governamentais e não
governamentais, com uma missão educativa, e a quantos trabalham, pelos mais
variados títulos, no campo da educação e da pesquisa, renovo o meu
encorajamento para que se possa chegar à meta duma educação «mais aberta e
inclusiva, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão».[24] Espero
que este convite, dirigido no contexto do Pacto Educativo Global,
encontre ampla e variegada adesão.
9. Não há paz sem a cultura do
cuidado
A cultura do cuidado,
enquanto compromisso comum, solidário e participativo para proteger e promover
a dignidade e o bem de todos, enquanto disposição a interessar-se, a prestar
atenção, disposição à compaixão, à reconciliação e à cura, ao respeito mútuo e
ao acolhimento recíproco, constitui uma via privilegiada para a construção da
paz. «Em muitas partes do mundo, fazem falta percursos de paz que levem a
cicatrizar as feridas, há necessidade de artesãos de paz prontos a gerar, com
criatividade e ousadia, processos de cura e de um novo encontro».[25]
Neste tempo, em que a barca da
humanidade, sacudida pela tempestade da crise, avança com dificuldade à procura
dum horizonte mais calmo e sereno, o leme da dignidade da pessoa humana e a
«bússola» dos princípios sociais fundamentais podem consentir-nos de navegar
com um rumo seguro e comum. Como cristãos, mantemos o olhar fixo na Virgem
Maria, Estrela do Mar e Mãe da Esperança. Colaboremos, todos juntos, a fim de
avançar para um novo horizonte de amor e paz, de fraternidade e solidariedade,
de apoio mútuo e acolhimento recíproco. Não cedamos à tentação de nos
desinteressarmos dos outros, especialmente dos mais frágeis, não nos habituemos
a desviar o olhar,[26] mas
empenhemo-nos cada dia concretamente por «formar uma comunidade feita de irmãos
que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros».[27]
Vaticano, 8 de
dezembro de 2020.
Franciscus
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